"Passei a ocupar meus dias pensando sobre o que, afinal, é isso que todo mundo enche a boca pra chamar de amor, como se fosse algo simplificado: defina em meia dúzia de frases, é fácil, querida.
É fácil? Pois a querida não entende como uma palavrinha simples formada por apenas duas vogais e duas consoantes pode absorver um universo de sensações contraditórias, diabólicas, insensatas , incandescentes e intraduzíveis. O que é amor? Já tentei explicar a mim mesma e, por mais que tente, jamais conseguirei atingir a essência dessa anarquia que dispensa palavras."
(Contracapa)
É impossível comentar um livro da Martha sem citar trechos, acho que até exagerei nas citações aqui no post de hoje, mas nossa diva é toda poesia e eu gostaria de compartilhar com vocês alguns dos pensamentos dela.
Não é segredo que sou fã declarada da Martha Medeiros (logo ela estará na coluna "Conheça" aqui do blog), eu a vejo com um exemplo de mulher moderna e decidida. Suas personagens femininas são sempre muito parecidas comigo no que diz respeito ao desapego de certos clichês femininos. Mas pela primeira vez tive a sensação de que a personagem seria bem diferente de mim, o primeiro capítulo foi meio assustador. Não estou dizendo que o começo é ruim, muito pelo contrário, mas não consigo gostar de personagem depressiva demais, que se entrega aos relacionamentos a ponto de ficar doente.
Nossa personagem foi casada por 16 anos e seu casamento terminou de maneira muito tranquila, com a certeza de que a amizade continuaria não apenas pelos filhos. Mas o livro começa com o fim do primeiro relacionamento após o término desse casamento e a primeira parte conta como ela encarou o fim de uma maneira bem diferente dessa outra vez.
Eu sabia que terminaríamos, eu sabia que era uma viagem sem destino, sabia desde o início e não sabia, não sabia que doeria tanto, que era muito mais do que se pode saber, ninguém pode saber um amor, entender um amor, tanto que terminou sem muito discurso, foi uma noite em que você quase pediu, me deixe. Ora, pra que me enganar: você realmente pediu, sem pronunciar palavra, você vinha pedindo, me deixe, olhe o jeito que te trato, repare em como não te quero mais, me deixe, e eu, de repente, naquela noite que poderia ter sido amena, me vi desistindo de um jantar e de nós dois em menos de dez minutos, a decida mais rápida da minha vida, e a mais longa, começou a ser amadurecida desde o dia em que falei com você pela primeira vez, desde uma tarde em que ainda nem tínhamos iniciado nada eu já amadurecia o fim, e assim foi durante os dois anos em que estivemos tão juntos e tão separados, eu em constante estado de paixão e luto, me preparando para o amor e a dor ao mesmo tempo, achando que isso era maturidade. (p. 14, 15)
Acredito que 80% das mulheres conseguem sentir só de olhar quando um relacionamento vai ou não dar certo. Mas na maioria das vezes que sentimos que não vai dar arriscamos mesmo assim, mesmo sabendo do preço que pagaremos mais na frente. É como Martha falou muito bem, nos preparamos para o amor e para a dor ao mesmo tempo. Gostamos de sofrer ou no fundo temos a esperança de que vamos mudar aquela pessoa? No fundo acho que gostamos é de ser amadas, mesmo que de mentirinha.
Apesar de saber que a relação poderia acabar a qualquer momento, nossa personagem não esperava que fosse sofrer tanto assim (e nem eu esperava isso, rs). Depois das primeiras páginas de lembranças e lamentações, o segundo capítulo chega com um ar de renovação e ficamos conhecendo como surgiu essa paixão tão devastadora.
Você realmente surgiu horas depois que meu marido se foi. Eu disse horas.
Os meteorologistas costumam avisar com um mínimo de antecedência quando a natureza vai sofrer um fenômeno climático, quando um temporal está a caminho, quando é hora de retirar as roupas do varal ou, em casas mais extremos, reforçar portas e janelas. Mas ainda não inventaram um recurso tecnológico para avisar que um homem vai entrar na sua vida e fazer seu chão tremer. Você foi um abalo sísmico totalmente inesperado, e antes que eu pudesse me defender, deu-se o início da minha devastação. (p. 59)
No segundo capítulo a história me ganhou de vez e novamente eu me encontrei apaixonada por uma personagem da Martha. Depois do susto inicial e do momento deprê, as reflexões ficaram muito mais racionais e são inúmeros os trechos que eu adoraria colocar aqui, porque meu livro está todo cheio de post-it e anotações! Mas quero que vocês tenham a oportunidade de comprar e ler em casa porque é incrível!
Claro que não seria barato um homem me tornar uma mulher completa, reaver minha sexualidade, minha feminilidade, minha excitação e me fazer nunca mais querer sair de dentro do seu abraço. Paixão de mão beijada? Ora, de graça eu só conseguiria uma vidinha mundana e monótona. Paixão é ruína, minha filha. E custa os tubos. (p. 72)
Na terceira e última parte do livro ficamos sabendo o que aconteceu com nossa protagonista nos anos depois do fim desse amor tão avassalador. Fiquei feliz em ver como ela lidou com a dor e é legal ver como isso influenciou seus relacionamentos posteriores. Será que realmente acabou? Será que ela superou mesmo o fim? Você vai ter que ler pra saber, mas eu já posso adiantar que é o final é bem legal mesmo.
O amor é uma subversão, e seu vigor nunca será encontrado em amizades ou parentescos. Todas as palavras já foram usadas para defini-lo: magia, surpresa, visceralidade, entrega, completude, requinte, deslumbre, sorte, conforto, poesia, aposta, amasso, gozo. Amar prescinde de entendimento. Por isso não sei amar, porque sou viciada em entender. (p.122)
E para terminar gostaria de destacar só mais um treco para reflexão:
Paixão é a força motora que justifica nossa existência, mas a perseguição desenfreada por esse privilégio nos torna dementes, viramos parasitas de uma obsessão. (p. 128)
Título: Fora de mim
Autora: Martha Medeiros
Páginas: 131
Editora: Objetiva
Onde Comprar: Saraiva / Walmart
Blog da Martha Medeiros / Skoob
Autora: Martha Medeiros
Páginas: 131
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olá adorei seu blog e estou seguindo
ResponderExcluirme faça uma visita:
www.amorimortall.blogspot.com
me segue de volta?
beijos
Eu ainda não li nada dessa autora, acredita?
ResponderExcluirNão é a primeira vez que vejo uma resenha dos livros dela, mas é a primeira que me desperta verdadeira curiosidade.
Adorei os trechos que você selecionou.
Bjs
amiga, adoreeei a resenha!!
ResponderExcluirainda não li nada da Martha, mas me pareceu ser muitoooo bom!! entrou na minha listinha^^
ah, tô com saudade viu!
beijooo
;**
Sempre ouço falar muito bem dos livros da Martha mais ainda não tive a oportunidade de ler nenhum.
ResponderExcluirBjs
Tais
http://www.leitorafashion.com.br
Ah, adorei seu blog!
ResponderExcluirTambém adoro a Martha, a pouco fiz resenha de Divã lá no meu blog.
"Fora de Mim" comprei na feira do livro do ano passado e consegui um autógrafo dela :) Achei uma leitura super rápida e intensa. O que eu gosto nela é que as vezes nem estamos na mesma situação de suas personagens, mas é como se sentíssemos o que elas estão sentindo também. Adorei sua resenha!
Beijos
Carine
okaycult.blogspot.com
poxa vida que conta capa lindaaaa
ResponderExcluiraté me emocionei caramba!! fiquei com vontade de ler... me dá ele? hehe
Me apaixonei pela sinopse perfeita e adorei sua resenha. Você realmente falou com sentimentos sobre o livro. Vou dar um jeito de ler, com toda a certeza.
ResponderExcluirbeijão
Que legal Vivi! Adorei o post!
ResponderExcluirFiquei louca para ler, pois até agora nunca li nada da Martha Medeiros. Qual o livro dela que mais gostas?
Bjss!
gosto muito de martha medeiros, nao conhecia esse livro ainda.
ResponderExcluirvou procurar nas livrarias
Procurei esse livro em tudo quantoe lugar e nao achei =(
ResponderExcluircara...incrível como vc teve a mesma sensibilidade q eu ao lero fora de mim...até fiz um post sobre isto no meu blog...vc é ótima...parabéns
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